terça-feira, 19 de maio de 2009

E o telefone do céu tocou novamente.

tuuuu........tuuuuuu.......tuuuuuu.........tuuuuu

- Alô

- Alô, de onde fala?

- Controle da Vida, Departamento de Destinos, Antônio, boa tarde.

- Oi Antônio, tudo bem?

- Tudo bem, em que posso ajudá-la?

- Eu queria fazer uma reclamação sobre o meu destino.

- Pode falar Senhorita, qual o seu problema?

- Que cara feio é esse que vocês arrumaram pra ser minha alma gêmea?

- Mas senhorita...

- Mas senhorita o escambau. O Gianecchini andando por aí solteiro, tanto homem bonito nesse mundo e o meu tinha que ser aquela desgraça?

- Mas quem ama o feio, bonito lhe parece.

- E o senhor acha bonito ser feio?

- Mas senhorita, o amor é cego.

- É, o amor é cego e o cara que vocês me arrumaram é vesgo.

- Calma Senhorita, antes de prosseguir, posso confirmar alguns dados?

- Pode.

- Seu nome?

- Beatriz.

- Idade?

- Vinte e sete.

- Sem mentir, aqui é o céu e a gente tem sua certidão de envio para nascimento.

- Trinta.

- Já foi casada?

- Morar junto serve?

- Vocês aí na terra vivem achando que morar junto é casar. Casar só com o aval do Jesus, o chefe do departamento daqui de cima. Mania que esse povo tem de querer dar um jeitinho...

- Calma Antônio, eu só não tava preparada, fui fazendo um test-drive e não deu certo.

- Tempos modernos viu, não vejo a hora do chefe ligar o apocalipse.

- Como?

-Nada. Muito bem D. Beatriz, muito obrigado por confirmar esses dados. Qual o seu problema?

- Então, eu achei o homem da minha vida. Acho que achei, pelo menos. Mas ele é feio que dói, coitado. Tudo bem, ele é educado, inteligente, tem um bom emprego numa empresa de seguros, gosta das mesmas coisas que eu, tem assunto pra tudo, me ouve e até cozinhar pra mim ele já andou cozinhando. Tudo certinho como eu sempre desejei. Mas é o capeta de feio. O cara é um filhote de gremlin. Parece um cruzamento de Woody Alen com Ronaldinho Gaúcho.

- Afe.

- Como?

- Nada, prossiga.

- Então. Ele é horrível. E eu tô completamente apaixonada pelo sujeito. É incontrolável, é mais forte que eu. Eu olho pra ele e sinto vontade de beijar aquela boca dentuça embaixo daquele narigão imenso. Você não tá entendo Tonhão. Posso te chamar de Tonhão, né?

- ...

- Eu tenho vergonha de sair de mão dada com ele. Outro dia ele veio me agarrar na fila do cinema e apanhou de uns caras que separaram a gente achando que era briga.

- Sei.

- As pessoas olham pra nós dois na rua e acham que eu tô fazendo caridade, que eu tô pagando promessa, que eu tô levando um acidentado pela mão pro hospital, essas coisas. Teve uma baiana que quis me benzer porque achou que tinha um exu atrás de mim.

- D. Beatriz, deixa eu verificar no sistema aqui se está tudo em ordem com o destino da senhora. Qual o nome do rapaz?

- Gustavo.

- Um minuto por favor.

(... não desligue, sua ligação é muito importante para nós. Há dois mil e sete anos, nossa empresa...)

- D. Beatriz, é isso mesmo. Tá certinho, esse rapaz, o Sr. Gustavo, é mesmo a sua Alma-gêmea. Sinto muito.

- Escuta Tonhão, ele vai ganhar na mega-sena, pelo menos?

- Hum, deixa eu ver aqui... não.

- Vai fazer uma plástica no nariz e botar aparelho?

- Não, aqui não consta nada disso.

- E nosso filhos, vão puxar o pai?

- Qual dos cinco a senhorita quer saber?

- CINCO?

- Olha, o último vai ser a cara do pai. A Senhorita tem sorte. Quando o pai é muito feio, só o último puxa ao pai. Se o primogênito nascesse com aquela napa vocês desistiam logo de cara. Mas veja pelo lado bom D. Beatriz, mulher nenhuma no mundo vai ser louca de dar em cima do seu marido.

- ...

- Posso ajudá-la em mais alguma coisa?

- Não, obrigada. Já vi que isso aqui é pior que central de atendimento do Speedy.

- O Céu agradece, tenha uma boa tarde.




tuuuu........tuuuuuu.......tuuuuuu.........tuuuuu

- Alô

- Alô, de onde fala?

- Controle da Vida, Departamento de Destinos, Antônio, boa tarde.

- Oi Antônio, tudo bem?

- Tudo bem, em que posso ajudá-lo?

- Nada de mais não. Na verdade eu tô ligando pra agradecer a gostosa que vocês mandaram pra mim. Mas cara, que chulé que tem essa mulher heim? Não dava pra mandar uma com um pé mais limpinho não? Parece um gorgonzola, derruba ganso. Afe maria, que cheiro horrendo...


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gentilmente cedido por:
http://unavidaperra.blogspot.com/

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A lavanderia que conserta sapatos

Ao lado de casa há uma Dry Clean Usa. Ao lado de toda casa deve ter, visto que são quase a blockbuster.

Entrei lá com um edredon e vi a placa: consertam-se sapatos! Voltei pro carro e busquei a pilha que estava esperando eu parar num sapateiro.

Pensei feliz da vida que resolver tudo de uma vez, em um só lugar, só poderia ser “De Deus”!!!

Paguei adiantado e pedi que me entregasse em casa, o que me foi prometido para a quinta-feira (era uma segunda).

Achei justo.

Quando chegou a quinta-feira, passei na portaria e fui avisada de que não havia nenhuma encomenda.

Fiquei PUTA. Era um acordo que eu tinha feito e que a atendente não tinha cumprido.

Imaginem se eu tivesse um compromisso naquela tal quinta e ficasse sem o meu sapato? Não era o caso e nem só tenho aquele sapato para usar. Mas há algo chamado COMPROMISSO que deve ser honrado.

Bom... passei na loja sexta pela manhã e ouvi o seguinte: “Seus sapatos ainda não estão prontos. Mas olha... o edredom está aqui (com um sorrisinho cara de pau)”.

Eu, ainda com paciência, falei que queria os sapatos prontos na sexta a noite e entregues em casa, conforme combinado. E a atendente, após ligar para o sapateiro para combinar isso, me diz: “É que ele não está achando os sapatos. Ainda vai procurar ou ver se entregou em alguma outra casa”.

Claro que SEM QUALQUER PACIÊNCIA naquele momento, sentei-me no sofá da espera e disse: Daqui eu só saio com os meus 4 pares de sapato que era para ontem. Estou esperando.

A loja inteira me olhou como se EU FOSSE A LOUCA.

Agora quem reclama pelos próprios direitos e exige serviço bem prestado é LOUCO??

Conclusão: 3 sapatos encontrados em 15 minutos e outro ainda não encontrado. Esse está em processo para ressarcimento.


Não usem mais a Dry Clean USA do lado de casa.

Roupa, na tinturaria do japonês, mesmo que seja mais longe.

Sapato, no sapateiro.



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post enviado por Ana Bargieri